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terça-feira, 12 de agosto de 2008

valongo

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Quando o comboio...

Quando o comboio passava na estação,logo ouvíamos apregoar a Regueifa por vozes estridentes e musicais,as mulheres treinadas na escola de canto dos frios e calores à espera de quem passava.

Lembra-me delas,batas irrepriensíveis com o pão que traziam sobre o pano branco.Apregoavam:
"Regueifa de valongo,quem merca a regueifa".
As pessoas debruçavam-se das janelas e mercavam.
Alguns passageiros guardavam os estômagos e os espaços com cestos dos farnéis-da viagem de três,quatro horas,até a Régua ou ao Tua-para o pão que ali haveria de vir.Passei há pouco na Estação e,com surpresa-e porque não?-contentamento,lá encontrei duas mulheres apregoando Regueifas."Não morreu tudo",pensei,"mas deve faltar pouco"...

Desta coisa de uma terra crescer graças ao pão ufana-se Valongo num atributo:
o seu brasão não evoca feitos guerreiros,mas o heroismo pacífico dos homens e mulheres que fabricavam,com o trigo e a roda dos moinhos.(Digam lá,se não é bonito).Só falta-acho eu-em praça pública o monumento aos obreiros anónimos desta canseira.
E descobrir,além do mais uma referência que desconhecia relativamente à contribuição das padeiras para o progresso da terra:
Materilizada na contrução singela,mas grandiosa da igreja matriz,erguida pouco a pouco no decorrer dos anos com tributo de 5reis em alqueire de trigo importado para o fabrico local do pão e de um real por um cartilho de vinho,ou de azeite e arrátel de carne destinados ao consumo dos moradores da vila"

O novo ouro

Cada casa era uma padaria e o pão que chegava à grande cidade era o novo ouro que entrava em casa dos valonguenses. Foi esse ouro,o impolsionador de todos os melhoramentos que se fizeram sede do concelho.

Aos sábados ,às quartas e às terças,saíam cedo os carregamentos de Pão e Biscoitos e Regueifas a caminho do Porto.
As Regueifas e os Biscoitos iam em canastras,estes acondicionados em sacos compridos,cada um com 250 gramas.
Os Biscoitos eram de "milho" ou de "limão"e tinham a forma dum "S".
Paralelamente,o consumo de manteiga chegou a ser tanto que impulsionou autenticamente a respectiva produção principalmente nas áreas de Paços de Ferreira e Lousada.

O viver das mulheres padeiras de valongo

"Ganham a sua vida fornecendo o pão de trigo e o pão doce em grandes rocas que lá chamam Regueifa;também fabricavam biscoitos azedos(de tosta) e biscoitos doces.

Todo o trabalho de padaria recai principalmente sobre as mulheres.
Por isso diz a cantiga local que é"burra para todo o serviço".
Com respeito à burra torna-se necessária uma aclaração:
Efectivamente a padeira de Valongo é uma moira de trabalho-uma burra como diz o povo.
Mas,em geral,cada padeira tem por sua vez à sua disposição para ir ao Porto,vender pão e biscoitos,uma burra autênticaue conduz a canastra e sobre as canastra,a dona"

Pao De Valongo


Durante muitos e muitos anos Valongo forneceu pão para muitas outras terras à sua volta. Os campos de cultivo eram férteis e os moinhos nos rios, com a força das águas, moíam o grão e faziam a farinha.O pão de que o povo se alimentava era de milho e de trigo e os pobres misturavam-lhe centeio para que o pão ficasse mais doce e agradável ao paladar.Quase não havia uma casa que não tivesse forno para cozer pão, fazer biscoitos, regueifas e bolachas.Durante as Invasões Francesas era em Valongo que se fazia o pão que se comia no Porto. O general francês que comandava o exército inimigo, um homem chamado Molet, era grande apreciador desse pão. Todos os dias, ao pequeno-almoço, não dispensava o saboroso pão. Em Valongo, os padeiros já sabiam que todos os dias o pão linha que estar pronto à mesma hora e quando colocavam as cestas nas carroças que iam para o Porto diziam:
-Lá vai O pão para O Molete! (Como não sabiam falar francês, era assim que o chamavam.)A partir daí, os pãezinhos pequeninos de Valongo começaram a chamar-se "moletes"!